O Teoria do Design teve origem com o perfil do Instagram @teoria_do_design, criado como resultado do minicurso A (in)visibilidade das Mulheres no Design, ministrado em 2020 pelas docentes do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial da UTFPR, Lindsay Cresto e Maureen Schaefer França. O minicurso teve como propostas compreender os mecanismos que excluíram as contribuições de mulheres no campo do design e conhecer a produção de designers brasileiras e estrangeiras, tendo como resultado maior representatividade das mulheres na área profissional e referências futuras para estudantes.
O perfil foi crescendo ao longo de 2020 e 2021 e se transformou em um portal de divulgação de pesquisas das docentes, espaço de reflexão e promoção de debates, motivando diálogos e trocas sobre Teoria e História do Design com outras universidades, pesquisadores/as, docentes, estudantes de diferentes estados brasileiros, além de participação em eventos da área.
O site tem como proposta problematizar as dimensões políticas, sociais, culturais e tecnológicas do design, visando conferir maior visibilidade às relações de poder que constituem o campo, sobretudo sob a ótica de gênero. Pois, o design não é uma atividade neutra, sendo atravessado por visões de mundo, interesses, relações de poder e desigualdades sociais que, muitas vezes, passam despercebidos. Nessa perspectiva, nós temos a intenção de questionar narrativas convencionais da História do Design, tais quais os discursos evolucionistas, deterministas, binários/maniqueístas, que por vezes reduzem aquilo que é complexo, apagando contradições, reviravoltas e a agência das pessoas. Ademais, na História do Design há uma ênfase na questão autor-obra que promove um apagamento de relações e questões mais amplas que envolvem a produção, circulação, uso e consumo de artefatos. A maneira como o design é teorizado-produzido é importante, visto que ao transformar ideias (gênero/sexualidade; classe social; raça/etnia; idade/geração e etc.) em formas sólidas, tangíveis e duradouras, o design parece ser a verdade em si mesma, agindo sobre nós, regulando nossos modos de pensar, sentir e estar no mundo (FORTY, 2007).
A criação do site tem por objetivo, portanto, promover e ampliar os debates e reflexões críticas sobre o papel social do design, assim como de suas interações com a sociedade, cultura e tecnologia, servindo como base de questionamentos sobre narrativas hegemônicas sobre pensar e fazer design no Brasil e no exterior. O Teoria do Design é organizado em categorias, para facilitar busca e leitura: História do design, Cultura material, Gênero e sexualidade, Raça/etnia e Dicas de leitura. Nas seções são publicados textos das professoras, atividades desenvolvidas nas disciplinas ministradas na UTFPR e textos de pesquisadoras/es colaboradoras/es.
Boa leitura!
FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Lindsay Cresto
Professora de Teoria e História do Design e Semiótica no Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e pesquisadora do grupo Design & Cultura. É doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE-UTFPR).
Interesses: interiores domésticos, produção de mulheres na história do design, mídias e blogs, focando nos estudos culturais, de gênero e cultura material.
Maureen Schaefer França
Professora do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e pesquisadora do grupo Design & Cultura da mesma instituição. Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE-UTFPR). Designer gráfica pela UFPR.
Interesses: Estudos de design sob a ótica de gênero/sexualidade, raça/etnia, classe social, idade/geração; a atuação de minorias sociais e de criatives do sul global na história do design; articulações entre moda e corpo; memória gráfica, sobretudo, revistas e capas de discos.