Eliane Stephan

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Eliane Stephan é uma designer gráfica carioca, nascida em abril de 1953. Eliane cursava Letras, mas achava que se continuasse nessa área, não conseguiria realizar seu sonho, o mesmo de outras jovens da sua idade: conseguir independência financeira e morar sozinha. Eliane nunca tinha ouvido falar sobre Design até um amigo comentar com ela sobre a escola Bauhaus. No Departamento de Letras & Artes (PUC-RJ), em que ela estudava, havia sido aberto recentemente um curso de Comunicação Visual e Desenho Industrial com o qual ela se identificou. Em torno dos 18 anos, ou seja, no início dos anos 1970, ela realizou uma prova específica e foi aprovada no curso. O seu primeiro emprego foi em um escritório de arquitetura, onde ela realizou projetos gráficos. Depois, no segundo ano do curso, ela foi aprovada para uma vaga de estágio na PVDI, escritório de Aluísio Magalhães, um ícone do design brasileiro, mas com quem nunca chegou a trabalhar diretamente. Lá ela ficou alguns anos, participando do desenvolvimento de sistemas de identidade visual para bancos e para o governo federal. Depois abriu um escritório com colegas da PUC, realizando projetos gráficos que envolviam os campos da moda e da música.

Rico Lins, renomado ilustrador e designer gráfico brasileiro, a influenciou com seu estilo de desenho mais gestual. Os dois viveram juntos em Paris, onde ela, competindo com uma multidão de profissionais, foi aprovada para trabalhar na Grapus, coletivo de artistas gráficos que obteve grande visibilidade nos anos 1980, onde atuou por dois anos trabalhando diretamente com Pierre Bernard. Ao retornar para o Brasil, com a experiência obtida no Grapus no campo editorial, a designer passou a realizar projetos editoriais para Folha de S. Paulo. Ao ir para Califórnia, realizou pesquisas nas áreas de jornalismo e design para Folha de S. Paulo, sugerindo à empresa que introduzisse computadores Macintosh.

Também foi dela a ideia de reformular o projeto gráfico do jornal em meados dos anos 1990, solicitando ao holandês Luc(as) de Groot e ao alemão Erik Spikermann que criassem o logotipo e a tipografia Folha Serif, uma vez que no Brasil ainda não haviam softwares para a criação de tipos digitais. Pela primeira vez no país, um jornal passou a contar com um tipo exclusivo. O sonho de Eliane de morar sozinha e obter independência financeira assim como sua trajetória profissional nos indicam que a mesma usufruiu de conquistas propiciadas pelo feminismo, vivendo em um tempo com maiores possibilidades de atuação para mulheres no mercado de trabalho.

Também é importante pontuar que Eliane é uma mulher de classe média, tendo tido o privilégio de estudar em uma faculdade particular e morar no exterior. Na França atuou em um coletivo de artistas gráficos renomados em vista de sua capacidade criativa, obtendo um currículo diferenciado, que proporcionou novas oportunidades para ela no Brasil. Eliane é citada duas vezes por Chico Homem de Mello e Elaine Ramos no livro Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil, tendo obtido destaque e visibilidade no campo de design editorial.

https://www.instagram.com/p/CFennxRBRCz/
Jornal Folha de São Paulo, 1996 e 2010
Publicações do Instituto Moreira Salles, 2017
Publicação “Gravadores Brasileiros Contemporâneos” da Fundação Stickel, 2007

Referências

Site @designergrafica
Podcast @vismaismente

Texto: Maria Buhr (@mabuhr) - aluna do curso de Design da UTFPR – e Maureen Schaefer França (@maureen_schaefer).
Resultado do Minicurso "A (in)visibilidade das mulheres no design" ofertado pelas professoras Lindsay Cresto e Maureen Schaefer França em 2020.
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