Série design brasileiro
Por Giovanna Machado e Luana Meneguci
Beatriz Feitler é conhecida como uma das maiores diretoras de arte que já existiram. Brasileira, filha de pais judeus refugiados do nazismo, teve uma infância tranquila em Ipanema, no Rio de Janeiro. Tornou-se mais conhecida nos Estados Unidos do que no Brasil, como mostra uma publicação do jornal Folha de S. Paulo na edição de 15 de dezembro de 1993, que citou a designer como “a artista norte-americana Bea Feitler”, tamanha a falta de conhecimento sobre a sua trajetória.
Feitler quebrou as regras que vigoravam no design editorial. Os grafismos geométricos, brincadeiras com perspectivas, texturas, escalas geométricas, uso de cores diferentes, contrastes, recortes, imagens sangradas eram sua marca. Não hesitava em fazer cortes bruscos em fotografias, por conta do uso da dobra ou espinha da revista, para um melhor efeito, o que nem sempre agradava aos profissionais de imagens. A seleção de imagens e a maneira como são dispostas incorporam as relações entre peso e leveza, cheio e vazio, dando ritmo e dinamismo à publicação. Bea Feitler morreu no Rio de Janeiro com apenas 44 anos, vítima de câncer. Somente depois de 30 anos de sua morte, tem seu trabalho publicado em livro (O Design de Bea Feitler, 2012, Editora Cosac & Naify). A iniciativa foi do seu sobrinho, Bruno Feitler, com a colaboração do designer André Stolarski. O livro conta com um projeto gráfico composto por duas narrativas: a primeira apresenta a biografia de Bea; a segunda, um apanhado das características de sua obra.