Nascida em Udine, na Itália, no dia 13 de agosto de 1934, Lella Vignelli foi batizada pelo nome Elena Valle e, desde nova, apelidada de Lella. Foi imersa no cenário da arquitetura muito cedo por influência de seu pai, Provin, que trabalhava como arquiteto e também serviu de exemplo para os outros dois irmãos de Lella que seguiram a mesma carreira, enquanto a mãe, Ave, seguiu com os cuidados da casa e dos filhos. Lella então cresceu e se tornou arquiteta, designer e empreendedora. Formou-se em arquitetura pela Universidade de Veneza, foi bolsista na Escola de Arquitetura do MIT e em 1962, tornou-se arquiteta registrada em Milão. Seguiu pelo caminho do design a partir da década de 50 participando, inclusive, do processo de formação da ADI (Associazione per Il Disegno Industriale), uma importante organização profissional italiana de design industrial e, em 1962, tornou-se arquiteta registrada em Milão.
Lella conheceu seu futuro marido, Massimo Vignelli, em uma convenção de arquitetura e mais tarde desenvolveram estudos juntos na University of Venice School of Architecture onde ficaram ainda mais próximos. Os dois se casaram em 1957 quando Massimo aceitou uma proposta de emprego na área de design nos Estados Unidos.
Durante toda a sua carreira, eles tiveram uma relação de trabalho colaborativo de sociedade, e inclusive fundaram juntos o escritório de design e arquitetura Massimo e Lella Vignelli em 1960 na cidade de Milão, onde trabalharam com editores importantes como Pirelli e Olivetti, ela também se especializou em interiores, móveis, exposições e design de produtos e se formou na década de 62. Pouco tempo depois, em 1965, o casal voltou aos Estados Unidos e fizeram parcerias com Ralph Eckerstrom (vice presidente publicitário da Container Corporation of America), Bob Noorda (importante designer gráfico holandês) e outras importantes figuras para desenvolver a Unimark, uma empresa de consultoria de design que iniciou a tendência de branding corporativo “top-to-bottom” e, muito bem sucedidos, inauguraram onze escritórios ao redor do mundo.
Foi também com seu marido que a designer fundou a empresa de design Vignelli Associates no início da década de 70 e, mais tarde, abriram escritórios em Nova York, Paris e Milão. Lella Vignelli ocupando o cargo de CEO, enquanto Massimo Vignelli, o de presidente da empresa. O trabalho de design da empresa inclui a linha de cadeiras Handkerchief para Knoll (1982) e a linha Serenissimo para Acerbis (1985), assim como uma série de mesas com tampo de vidro apoiadas em pernas espessas e cilíndricas.
Por muitos anos, as contribuições de Lella foram bastante ignoradas pela imprensa de arquitetura e design, que regularmente creditavam apenas Massimo pelo trabalho do casal, o que se tornou uma frustração para ambos. Claro que, nos anos recentes, houveram momentos de reconhecimento do trabalho feminino. Em 2013 o Museu de Arte Moderna recebeu a exibição “Designing Modern Women: 1890-1990” no qual constataram: “o design moderno do século XX foi profundamente moldado e aprimorado pela criatividade das mulheres.” Além de ter feito parte de renomadas instituições, como da Sociedade de Designers Industriais da América (IDSA), do Instituto Americano de Artes Gráficas (AIGA), da Associação Internacional de Móveis e Design (IFDA) e do Clube de Decoradores de Nova York. Vignelli também foi reconhecida com diversos prêmios e honras, como a premiação do AIGA “Royal Designer for Industry” na Grã-Bretanha.
Além das suas conquistas profissionais, Lella Vignelli também dedicou parte de seu tempo para lecionar e foi mentora de diversos aspirantes a designer. Ela lecionou na Escola de Artes Visuais em Nova York durante muitos anos e suas aulas e estudos sobre design foram publicados em inúmeros jornais e revistas.
Vignelli acreditava que o design deveria ser integrado ao processo de produção, ao invés de ser adicionado superficialmente apenas no desenvolvimento final. Assim, o trabalho de Lella está orientado por uma comunicação através de simplicidade e planejamento cuidadoso e, desta forma, ela recorreu a um design subtrativo, limitando sua influência e permitindo que a essência do design se manifestasse. Ela enfatizou os padrões e elementos previamente concebidos assim como as particularidades naturais e orgânicas dos materiais. E, além disso, a designer via as palavras como uma forma de comunicar ideias reais, em contrapartida à uma mera decoração visual. E, de maneira geral, ela explorava o uso da cor considerando sua capacidade de poder emocional e sensual.
Aos 82 anos de idade, com sua saúde em estado frágil devido a demência, Lella Vignelli veio a falecer. Entretanto, deixou para trás seu legado no ramo do design e arquitetura, em que durante toda a sua carreira, houve paixão pelo tridimensional, pelo desenvolvimento de produtos e, além disso, Lella também teve papel importante no âmbito de gerenciamento das empresas e projetos em que esteve envolvida. Foi uma das várias mulheres que influenciaram o design mundial e marcaram a história. Nas palavras de seu marido, “Lella foi consistente ao longo de toda a sua carreira: ela é infalivelmente inteligente; rigorosa; não arbitrária; atemporal e dispensa modismos”.
Referências
Vignelli, Massimo. Designed by: Lella Vignelli. New York, NY 2013.
FIELL, Charlotte; FIELL, Clementine. Women in design: from Aino Aalto to Eva Zeisel.Laurence King Publishing: London, 2019.
Lella Vignelli. Wikipedia, 2019. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Lella_Vignelli?oldid=888362175>. Acesso em: 20/09/2022.
Conteúdo produzido por estudantes Amanda Wawruk(@awawruk), Eduarda Feix (@eduarda.feix),Emile Kipper (@amychasingflowers), Helena Colino (@helenacolino) para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria do Design 2 (Curso de Bacharelado em Design), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto