Garotas querem aprender algo

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As mulheres que estudavam na Bauhaus ficaram conhecidas como bauhausmädels (“garotas Bauhaus “), como forma de nomear um tipo de feminilidade moderna da época. As “garotas Bauhaus ” adotaram corte de cabelo curto, o bubikopt ( bob), pouca ou nenhuma maquiagem, calças compridas e algumas vezes emprestaram acessórios do guarda roupa masculino, como gravatas e cintos. Essas características estavam associadas a um tipo de feminilidade emancipatória, preparando as mulheres para a esfera pública e o mercado de trabalho. Após a Primeira Guerra mundial elas puderam estudar e ter formação para não depender unicamente do marido ou da família. A escola Bauhaus, neste sentido, foi um passaporte para emancipação da família e a perspectiva de novos valores morais, mais flexíveis.

Aluna com corte de cabelo curto
A professora de educação física na Bauhaus, Karla Grosch, c.1929
Matéria da revista Die Woche, 1930.

A revista Die Woche( A semana) publicou matéria de 3 páginas sobre as mulheres na Bauhaus, com o título “garotas querem aprender algo”. A revista afirmava que quem desejasse encontrar uma mulher contemporânea deveria procurá-la na vida real: resolvendo problemas de geometria, no trabalho prático, na arte, na ciência, enfim, na sociedade. As fotografias mostravam jogos esportivos, aulas de geometria, desenho, música. A escola se tornou uma possibilidade real de transformação para muitas mulheres. Neste contexto, ingressar em uma escola junto com homens exigia estratégias de fortalecimento, que estimulasse a autoconfiança, a seriedade, racionalidade na busca por conhecimento, poder, formação. Marianne Brandt é considerada um ótimo exemplo.

Marianne Brandt, Bauahus, 1929.
Marianne Brandt na Bauhaus, 1930.

Para atuar em áreas antes dominadas por homens, as mulheres marcam um novo tipo de feminilidade por meio das calças, cabelos curtos, prática de esportes, fumar, dirigir automóveis. A ausência de maquiagem pode ser pensada como estratégia de se desvencilhar de outras formas de feminilidade mais convencionais, estabelecendo uma ruptura geracional, e também diminuindo os julgamentos quanto à ornamentação, frivolidade e tendências às artes decorativas e ornamentais, ainda muito associadas às mulheres, como acontecia na escola.

Referências

RÖSSLER, Patrick. Bauhausmädels: a tribute to pioneering women artists. Taschen: Colônia, 2019.

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