Moda Setentista & Masculinidades Gays

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Nos anos 1970, o movimento de Libertação Gay estadunidense elevou o vestuário para o centro de sua estratégia política. Parte dos membros do movimento se afirmaram publicamente ao subverter modos de vestir tradicionais marcados pela oposição de gênero, incorporando vestimentas e práticas de beleza “invertidas”. Rapazes passaram a usar “roupas de moças” e garotas passaram a vestir “trajes de garotos”, tensionando estereótipos de gênero como a própria matriz heterossexual, que estabelece uma ligação supostamente coerente entre sexo anatômico, identidade de gênero e orientação sexual. Ao desconectar os elementos da matriz heterossexual por meio de modos de vestir “invertidos”, os integrantes do movimento negaram a heteronormatividade, buscando despatologizar outras maneiras de se relacionar amorosa e sexualmente.

Mas entre alguns gays também havia um movimento em direção à reafirmação, de certo modo e em certa medida, de algumas referências alinhadas às masculinidades convencionais. Alguns deles, em meados dos anos 1970, buscaram enfatizar que as masculinidades gays não estavam restritas aos “maricas”, delineando a multiplicidade de modos de ser e estar no mundo. Deste posicionamento, se constituiu o estilo Castro Clone – a idealização de um homem da classe trabalhadora- que abrangeu o uso de jeans, camisa e casacos mais clássicos, botas pesadas e bigode sem barba. O Castro era reconhecido por outros gays, mas tendia a ficar imune à violência homofóbica. O estilo era aceito no mercado de trabalho, uma vez que a maioria das pessoas não compreendia seu significado; no entanto ela dava ao Castro a sensação agradável de ser abertamente homossexual.

Para saber mais: https://i-d.vice.com/en_us/article/pabx7n/decoding-the-secret-language-of-gay-70s-san-francisco

Referências

Enfeitada de sonhos: moda e modernidade – Elizabeth Wilson.

Imagens:

Inspirado pelos gays do bairro de Castro, em San Francisco, e sua leitura da teoria estruturalista, o fotógrafo Hal Fischer passou a fotografar amigos homossexuais e seus respectivos códigos vestimentários como também o streetwear usado por outros gays.

Texto: Maureen Schaefer França
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