Categoria
Categoria ligada ao ato de estabelecer classificações entre seres humanos a partir de fenótipos, podendo ser considerada a pedra angular da colonialidade, remontando aos finais do século XV e início do século XVI. A raça não deriva da biologia dos corpos, visto que se trata de uma construção social, sendo assim, seus sentidos são históricos, mutáveis e relacionais, abarcando transformações, conflitos e relações de poder. Antes da expansão mercantilista e da descoberta do “novo mundo”, por exemplo, as pessoas estavam articuladas ao pertencimento a uma comunidade política ou religiosa. Mas no contexto da expansão comercial burguesa e da cultura renascentista, moldou-se a ideia do (homem) europeu enquanto ser universal e de todos aqueles não partícipes dos sistemas culturais da Europa Ocidental como variações “menos desenvolvidas”. Sendo assim, a branquitude, ou seja, a identidade “racial” das pessoas brancas, é um constructo ideológico de poder que nasceu no contexto das articulações capitalistas e colonialistas, sendo um elemento ativo nas desigualdades raciais instituídas pela colonialidade ainda hoje. Nesta conjuntura, pessoas brancas construíram sua identidade em oposição ao “outro”, projetando no outrem aquilo que lhes parecia indesejável, não admitindo como um impulso seu. Logo, a raça não é vista apenas como diferença, mas como hierarquia. Portanto, quando pensamos a respeito de pessoas brancas, negras e indígenas acionamos produtos de uma lógica racializada de mundo (ALMEIDA, 2019).
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.