César Villela

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série design brasileiro

Por Giulia Werley (@LiaLey_), Giovanna Pinheiro (@girassolies) e Felipe Shaw de Souza (@felipeshvw)

Cesar Villela foi pintor, cartunista, jornalista, programador visual e diretor de arte. Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 16 de maio de 1930, o artista gráfico ficou conhecido como “Designer da Bossa Nova” por revolucionar a criação de capas para a Bossa Nova no início dos anos 1960. Sua história com as capas de discos começou quando o produtor Aloysio de Oliveira o convocou para ilustrar as capas da Odeon, estreando com o LP “Carícia” de Sylvia Telles em 1957. Um de seus trabalhos mais notáveis durante essa primeira fase foi o lançamento do álbum “Chega de Saudade” de João Gilberto. Lançado em 1959 em parceria com o fotógrafo Chico Pereira, considerado seu braço direito.

Foi em 1959 que ele saiu da Odeon e foi para a Elenco Records, uma gravadora que veio a se tornar responsável pelo lançamento da maioria dos artistas de Bossa Nova daquela época. Durante a fase de desenvolvimento da capa desses álbuns, Villela menciona em algumas entrevistas que teve como inspiração o pintor Piet Mondrian por conta das linhas, geometrização e cores, pelo uso da Proporção áurea que evitava sobrepor elementos de forma confusa e pelo teórico da comunicação Marshall Mcluhan. E foi com uma frase de Mcluhan que Villela teve a reflexão e cuidado ao produzir suas capas: “O excesso de detalhes no trabalho são ruídos visuais”. 

Em 1963, Villela surge com essa nova estética para as capas da gravadora Elenco. As fotos em preto e branco eram apresentadas em um alto contraste, destacando o que há de mais interessante nos artistas e complementado com alguns grafismos vermelhos. Esses grafismos, por sua vez, funcionam como uma proposta para o fluxo de leitura da capa do disco. Paralelo a esse trabalho, Villela passou se dedicar às artes plásticas, pintando quadros com composições geométricas que tinham como tema narrativas históricas. Mas ele não deixou de trabalhar como capista e designer da Elenco. Posteriormente, Villela acabou indo parar nos Estados Unidos em 1964 para atuar em Publicidade e Animação. Quando retornou ao brasil, ele foi presidente do Clube dos Diretores de Arte e editou o primeiro “Anuário de Arte Visual do Brasil”, além de realizar algumas exposições individuais como a que foi realizada na Galeria de Arte Copacabana Palace em 1973 no Rio de Janeiro. Ele também fez parte de exposições Coletivas como as seguintes; 1956, Canadá, Coletiva, no Royal Museum of Ontario; 1958, Rio de Janeiro RJ, Salão Nacional de Arte Publicitária; Rio de Janeiro, RJ, na Galeria de Arte Ipanema; 1991, Flórida (Estados Unidos), Coletiva, na Royal Palm Art Gallery; 1996, Teresópolis, RJ, na Galeria Alhambre, entre muitas outras.

Em 2004, Villela voltou a desenvolver uma capa nesse estilo para o CD de 40 Anos do Quarteto em Cy. Nele, foram utilizadas suas três cores básicas e utilizando algumas poucas linhas retas para escrever um “Cy” que podia ser interpretado como o número “4”, alusão aos 40 anos e também baseado na definição de harmonia da Cabala, que é representada pelo número 4.

Em 11 de Dezembro 2020, aos 90 anos Cesar Villela morreu vítima de pneumonia, deixando seu legado gráfico na história do design e na indústria fonográfica brasileira.

Referências

LUCAS VIEIRA. César Villela e as capas da gravadora Elenco: artista responsável por uma revolução no design das capas de discos brasileiros morreu ontem aos 90 anos. Artista responsável por uma revolução no design das capas de discos brasileiros morreu ontem aos 90 anos. 2020. Disponível em: https://disconversa.com/materias/cesar-villela-e-as-capas-da-gravadora-elenco/. Acesso em: 22 jun. 2022.

O MAGO Minimalista – César Villela. 2009. Disponível em: http://zoonzum.blogspot.com/2009/11/o-mago-da-capa-cesar-villela.html. Acesso em: 22 jun. 2022.

RODRIGO FAOUR. Como César Villela, designer que revolucionou as capas de discos no Brasil. 2020. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/como-cesar-villela-designer-que-morreu-na-sexta-fei ra-revolucionou-as-capas-de-discos-no-brasil-24794587. Acesso em: 22 jun. 2022. 

CAMILA YAHN (ed.). César Villela sobre sua obra icônica: ‘Foi sem querer querendo’. 2012. Disponível em: https://ffw.uol.com.br/noticias/moda/rio-a-porter-cesar-villela-conta-ao-ffw-como-trans formou-capas-de-disco-em-arte/. Acesso em: 22 jun. 2022. 

Montore, Marcello; Umeda, Guilherme Mirage. O design da bossa nova: visualidade sonora nas capas de Cesar Villela para a gravadora Elenco. Revista Estudos em Design, Rio de Janeiro: v. 22 | nº. 2 [2014], p. 80 – 97.

CESAR G. Villela. In: OBRAS Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10536/cesar-g-villela/obras?p=1

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