Denise Scott Brown

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Denise Scott Brown, (antes Denise Lakofski) é uma arquiteta, urbanista, escritora e educadora, nascida na cidade de Nkana, Zâmbia, em 3 de outubro de 1931. Filha de pais judeus, cresceu em meio ao machismo, porém, por sua mãe ser arquiteta, acreditava que o campo da arquitetura era mais feminino. No começo de seus estudos na Universidade de Witwatersrand, em Johanesburgo, na África do Sul, questionou a quantidade de homens na classe. 

Conheceu Robert Scott Brown na faculdade, deu início aos estudos em fotografia, terminou a graduação na Architectural Association School of Architecture em 1955, em Londres. Mudou para os Estados Unidos e fez mestrado em planejamento urbano na Universidade da Pensilvânia, onde atuou como professora e, posteriormente, também lecionou em Berkeley, Yale e Harvard. 

Após a morte de Robert Scott Brown, seu primeiro marido, conheceu Robert Venturi, professor da Universidade da Pensilvânia, com quem casou em 1967. Além disso, firmaram uma parceria profissional atuando juntos no escritório de arquitetura de Venturi e John Rauch, no qual, mais tarde, Denise Scott Brown se tornou a sócia responsável pela área de planejamento urbano. Essa parceria gerou algumas frustrações, visto que costumavam atribuir boa parte do seu trabalho apenas a Robert Venturi. 

Como acadêmica, um de seus principais trabalhos foi o livro “Learning from Las Vegas” (Aprendendo com Las Vegas), 1972, escrito por Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven Izenour. Com o livro ela queria aprender não somente os sistemas de signos e símbolos, mas também como as cidades automobilísticas dos anos 60 funcionavam e porque as pessoas gostavam tanto de Las Vegas. Outros livros notórios de Denise incluem: “The View from the Campidoglio”, 1984 (com Robert Venturi); “Architecture as Signs and Systems for a Mannerist Time”, 2004 (com Robert Venturi) e “Having Words”, 2009. 

Durante os anos 60, Denise Scott Brown em colaboração com outros organizadores, fotografaram e apresentaram às autoridades da cidade de Filadélfia, EUA, imagens do bairro South Street (rico arquitetonicamente e um centro de vida afro-americana). As imagens dispostas sobre um fundo branco, como numa exposição, demonstraram o valor das casas e fachadas de loja do bairro, assim conseguindo barrar uma proposta que ameaçava o bairro com a construção de uma via expressa intermunicipal que percorreria o sul da Filadélfia.

No início da década de 1970, a agência do governo estadunidense, National Park Service, pediu à empresa Venturi and Rauch (onde Denise trabalhava, antes dela se tornar diretora da então Venturi Scott Brown & Associates) para realizar o projeto e construção de um complexo em homenagem a Benjamin Franklin . O local ficava ao longo do Independence Mall, no antigo local da casa de Franklin, construída em 1765 e demolida em 1812, e da gráfica ao lado. O projeto foi concluído em 1976, e Scott Brown ajudou a projetar um museu subterrâneo de 2.787 m2, logo abaixo de duas estruturas feitas de aço tubular quadrado que representam em escala aproximada a real a cada de Benjamin Franklin e da gráfica ao lado. Essa foi a solução proposta pelo casal, já que faltavam informações históricas suficientes para reconstruir as duas estruturas.

Em colaboração com a empresa americana de móveis Knoll, Venturi e Scott Brown lançaram em 1984 uma série de 5 cadeiras pós-modernas, 3 mesas e um sofá. A proposta era produzir cadeiras, mesas e escrivaninhas que se adaptassem a uma série de estilos históricos, utilizassem processo industrial, e que consistissem de um perfil plano e forma decorativa.As cadeiras eram produzidas de madeira compensada moldada, e suas bordas exibiam as camadas do compensado. Venturi era o responsável pela forma, enquanto Scott Brown pelos padrões. A estampa mais célebre foi a intitulada “Avó”, que apresentava padrão floral intercalado com linhas duplas paralelas. 

Concluído em 1992, o Children’s Museum Houston, Texas, é um museu infantil sem fins lucrativos, que oferece exposições e programadas de aprendizado a crianças de 1 a 12 anos. O edifício contrasta suas colunas imponentes com o lúdico dos tons pastéis e o texto acima da porta, criando uma peça pós-moderna que contrasta e  mistura estilos históricos. 

Denise nunca se considerou fotógrafa, mas por décadas fotografou espaços e lugares com o objetivo de ilustrar conceitos que ensinava, projetava e escrevia. Em 2016, Venice, Itália, suas fotografias foram expostas pela primeira vez. A exibição foi nomeada “Photographs 1956-1966”, teve a curadoria da agência PLANE-SITE e co-curadoria de Andres Ramirez.

Em 1991, seu esposo e sócio, Robert Venturi, recebeu, sozinho, o Prêmio Pritzker de arquitetura por seu trabalho em colaboração com Denise Scott Brown. “Sou um pouco atordoada em relação a prêmios, como você pode imaginar, dada a minha história com eles”. Em 2013, a arquiteta fez um discurso exigindo seu reconhecimento como ganhadora do prêmio. O discurso inspirou duas estudantes da Escola de Design de Harvard a criarem uma petição que reuniu mais de 12 Mil assinaturas, incluindo Zaha Hadid, em apoio a Denise. Entretanto, a organização do Prêmio Pritzker negou o reconhecimento à Denise. 

Através de suas teorias pioneiras e obras provocadoras, Denise Scott Brown, ocupou a vanguarda do movimento pós-moderno na arquitetura, liderando uma das mudanças mais significativas no design no século XX. Scott Brown defendia uma arquitetura mais eclética, pautada por referências históricas. Para ela, o modernismo ortodoxo e os gostos arquitetônicos de elite desconsideravam questões históricas e culturais, transformando a cidade em uma mercadoria engessada. A ideia da arquiteta era justamente usar uma “vitalidade desordenada” para contrapor a necessidade de ordem absoluta, até então pregada pelo Movimento Moderno. Para isso, suas obras têm inspiração na Pop Art, trazendo uso de elementos arquitetônicos da cultura popular, mudança de contexto, uso de tecnologia convencional, ênfase na representação e no significado,uso das colagens utilização de elementos da mídia.

O principal fator que contribuiu para a invisibilidade da obra de Brown foi o fato de que seus trabalhos, em sua grande maioria, terem sido realizados em parceria com seu marido Robert Venturi. Isso, em conjunto com o contexto extremamente machista da época e da própria disciplina de arquitetura, fez com que ela fosse vista como apenas uma “ajudante” e sua contribuição não fosse reconhecida como fundamental.

Referências

https://www.archdaily.com.br/br/985008/denise-scott-brown-arquitetura-urbanism o-e-fotografia 

https://www.caubr.gov.br/denise-scott-brown-trabalho-era-conjunto-mas-so-mari do-recebeu-o-pritzker/ 

https://www.theguardian.com/artanddesign/2018/oct/16/the-scandal-of-architectur e-invisible-women-denise-scott-brown 

https://www.soane.org/soane-medal/2018-denise-scott-brown

https://www.archdaily.com/905328/denise-scott-browns-photography-from-the-19 50s-and-60s-unveiled-in-new-york-and-london-galleries 

https://www.archdaily.com.br/br/895895/a-obra-frequentemente-esquecida-de-de nise-scott-brown 

https://www.knoll.com/knollnewsdetail/venturi-scott-brown

https://artsandculture.google.com/story/zgXx6qdWqGZMJA

https://static1.squarespace.com/static/5336b2fee4b057e83f9e14e3/t/5b4794ec03ce 6454bd30b6da/1531417923365/DENISE+SCOTT+BROWN-WAYWARD+EYE-BETTS+PROJE CT-CATALOGUE-LR.pdf 

https://www.archdaily.com.br/br/01-113326/a-peticao-de-scott-brown-e-o-papel-d as-mulheres-na-arquitetura 

https://live.apto.vc/robert-venturi-biografia-e-obras/

Conteúdo produzido por estudantes Ana Teresa Pereira L Sousa, Bárbara Brogim Pinheiro, Mariana Mendes M Teixeira, Yuri Kasper para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria do Design 2 (Curso de Bacharelado em Design), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto 
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