Mais conhecida pelo seu trabalho na tipografia e criação de placas de sinalização, Margaret Calvert nasceu em 12 de maio de 1936, na África do Sul, e mudou para o Reino Unido posteriormente com a mãe e a irmã. Cursou ilustração e gravura na Chelsea School of Art na década de 1950 e foi contratada juntamente com seu professor, Jock Kinneir, para criar novos sinais de trânsito para o Ministério dos Transportes.
Kinneir e Calvert se conheceram na Chelsea School of Art, quando Kinneir propôs um projeto sobre tipografias, que gerou um grande interesse em Calvert a fez passar da ilustração para o design gráfico, recebendo um Diploma Nacional de Design em 1957, após quatro anos de estudo na área. Foi em 1957 também que Kinneir foi contratado para criar sinalizações para o Aeroporto de Gatwick, em Londres, convidando Margaret para ser sua assistente.
O que inicialmente foi previsto como placas de sinalização, transformou-se em um sistema que explorava tipografias, tamanho de fontes, contraste de cores e visibilidade, servindo de referência para a sinalização de outros meios de transporte na Inglaterra e mais tarde copiado em outras partes do mundo De 1958 até 1965, os dois trabalharam juntos em projetos de sinalização da Inglaterra, com destaque para o sistema de sinalização rodoviária do Reino Unido e sinalizações em rodoviárias e aeroportos, desenvolvendo uma fonte específica para sinalizações, chamada de Transport. O trabalho que desenvolveram nas rodovias do Reino Unido tem grande importância, pois foi o primeiro a ser pensado de maneira a facilitar a leitura de quem dirige e minimizar as informações visuais, para que apenas o necessário fosse compreendido. As placas e tamanhos de fonte foram estudadas para que quem estivesse conduzindo o veículo pudesse enxergar a informação o mais longe possível. O uso de cores também foi estudado para trazer mais conforto e contraste, sendo descoberto por Calvert e Kinneir que o contraste entre o preto e o amarelo era o melhor para grandes distâncias. O uso do branco nas tipografias de placas foi escolhido por refletir bem a luz e possibilitar que o motorista enxergue a informação até no escuro.
Em 1960, Calvert e Kinneir trabalharam em conjunto na criação da fonte Rail Alphabet, criada para uniformizar a identidade visual das linhas de metrô do Reino Unido. O trabalho foi visto como modelo de padronização ferroviária em toda a Europa, e a fonte foi utilizada em hospitais, ferrovias e aeroportos ao redor do mundo. No ano de 1970, a dupla foi chamada para desenvolver uma tipografia para a nova cidade da França, Saint-Quentin-en-Yvelines, mas foi rejeitada por ser “muito britânica”. A fonte foi então usada no metrô de Newcastle em uso até hoje, nomeada de Calvert.
Em 2012, juntamente com Henrick Kubel, Margaret Calvert ajudou a criar uma versão eletrônica da Transport, que foi chamada de New Transport e recebeu em 2013 o prêmio Design of the Year, foi utilizada também no site oficial do governo Britânico (gov.uk). Em produções mais recentes, Margaret voltou-se para trabalhos mais pessoais Em destaque estão a placa Woman at Work (2018), Bang Bang (2019), Mouse Crossing para Disney (2019), 30 para o Design Museum (2019), 50th Anniversary of the M1 (2010). Voltando para trabalhos tipográficos, em 2019 Calvert e Kubel desenvolveram a fonte Rail Alphabet 2, baseada na Rail Alphabet e desenvolveram novos pictogramas para as estações de metrô, que incluíam símbolos mais modernos como wi-fi e aluguel de bicicletas, mas ainda conversando com os já existentes. A fonte começou a ser utilizada na estação London Paddington, e buscava trazer maior acessibilidade e conforto na leitura.
Margaret Calvert atualmente tem 86 anos, nunca se casou ou teve filhos, focando em sua carreira profissional e se opondo aos padrões impostos às mulheres em sua época.
Possíveis causas de apagamento
Margaret Calvert trabalhou principalmente em áreas voltadas ao dia dia e cotidiano das pessoas, em placas e avisos de sinalização, sendo possível que seu apagamento tenha se dado principalmente por conta da familiaridade, pois poucas pessoas prestam atenção ou param para pesquisar sobre quem foi a pessoa que trabalhou para facilitar funções importantes na sociedade. A designer contribuiu não só para o Reino Unido, mas para toda a Europa e países que se inspiraram no seu sistema de placas e sinalização rodoviária, mas seu nome é pouco conhecido fora do design porque virou algo cotidiano, e poucas pessoas pensam na importância do uso de fontes, tamanhos e cores que Calvert ajudou a desenvolver e implantar nesse sistema e que permanecem até hoje.
Referências
https://www.orr.gov.uk/search-news/international-womens-day-margaret-calv ert-and-her-impact
https://designmuseum.org/exhibitions/margaret-calvert-woman-at-work# https://designmuseum.org/exhibitions/margaret-calvert-woman-at-work-the-v irtual-experience
https://research.library.kutztown.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1015&contex t=designpioneers
Conteúdo produzido por estudantes Bianca Scarpin, Eduardo Lahud e Rafael Oblasser
para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria e História do Design 1 (Curso de Tecnologia em Design Gráfico), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto 
