Nair de Teffé

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Série design brasileiro

Por Katiane de Kacia Pereira e Vinicius Iank Caldas de Moraes

Nascida em 1886, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, estudou na França onde teve contato com várias formas de expressões artísticas. Em Paris estudou no curso de pintura de Madame Lavrut e modelo vivo no Cour Julien.

Voltou ao Brasil em 1906, onde cria o pseudônimo “Rian” para publicar diversas caricaturas de pessoas da alta sociedade. Na qual a primeira foi a artista francesa Réjane, na revista Fon-Fon! Em 1909. Isso tudo antes de se tornar primeira dama do Brasil, em 1913, ao casar com Hermes da Fonseca.

Foi primeira-dama durante a Primeira República (1889-1930). Uma das primeiras caricaturistas mulher das quais se tem registro, combateu preconceitos com arte e com sua posição privilegiada.

No começo, ela fez caricaturas para rir de seus desafetos, a primeira delas, foi aos 9 anos, era da Madame Carrier, uma senhora que ela não era muito fã e que visitou sua família.

Nunca recebeu pelos seus trabalhos, o Barão permitia a colaboração com a imprensa. Publicou em importantes revistas da época, como Binóculo, Careta, O Malho e Fon-Fon.

Em 1912, teve sua primeira exposição: mais de 200 trabalhos foram exibidos na Rua do Ouvidor, uma das mais elegantes do Rio, e conferida pelo próprio presidente Hermes da Fonseca.

Ela também cantava em pontos boêmios da capital carioca, e tocava diversos instrumentos. Gostava de teatro, seu pai a proibia de ter acesso, mesmo assim ela atuou em uma peça escrita para ela: Miss Love, de Coelho Neto.

Durante a década de 1910, Rian publicou três séries de caricaturas, a primeira foi em dedicação as mulheres “Galeria das Elegâncias” e “Galeria das Damas Aristocráticas”. Com exagero dos adereços da moda, por exemplo, ela mostrava a ostentação das elites.  Em “Galeria dos Smarts”, voltada aos cavaleiros, não destaca apenas as roupas, mas faz graça com traços da fisionomia dos políticos, artistas, militares e outros homens públicos que retratou.

Conforme foi construindo sua fama de caricaturista, passou a ser temida nos salões de baile: a elite temia ser retratada por sua pena mordaz.

O noivado com Hermes da Fonseca, deu o que falar. Além da polêmica envolvendo a diferença de idade, com o presidente de 58 anos desposando uma jovem de 27 anos, em 1914, quando promoveu no palácio do Catete uma última festa de despedida da presidência, durante a qual, acompanhada por Catulo da Paixão Cearense, tocou a canção Corta Jaca de Chiquinha Gonzaga, que o próprio Catulo pediu que fizesse uma partitura para violão e piano, pois na época o violão era um instrumento popular, ligado a vadiagem e as canções da época não havia partitura para esses instrumentos.  Escandalizou a classe política ao trazer música popular para o Palácio do Catete, antiga sede do governo federal no Rio de Janeiro.

A comemoração gerou protestos do próprio Rui Barbosa, que reclamou no parlamento da falta de decoro no palácio presidencial. A resposta de Nair a Rui, foi uma caricatura do político.

Caricatura de Juscelino Kubitschek

Com o fim do mandato de Hermes, em 1914, eles deixam o palácio, e passam uma temporada na Europa. De volta ao Brasil em 1920, Arthur Bernardes, Nilo Peçanha e Rui Barbosa buscam o apoio do ex-presidente para as eleições.

Hermes se envolve na revolta do Forte de Copacabana, em 1922, primeiro movimento tenentista na República Velha. Após ser avisado por um amigo que seria preso, ele resolveu partir, mas não o fez a tempo, e foi detido por ordem do presidente Epitácio Pessoa. Na saída da prisão, adoeceu e faleceu no mesmo ano.

No mesmo ano, Nair participou da Semana de Arte Moderna de 1922, mas, depois de viúva, se mudou para Petrópolis, participando ativamente da vida cultural e política da cidade. Até o fim da vida, envolveu-se nas manifestações de 8 de março.

Adotou três crianças, e faleceu em 1981, aos 95 anos.

Nas caricaturas, charges e quadrinhos, as mulheres continuam minoria, mas Teffé abriu caminho para outras pioneiras, como Hilde Weber, que se dedicou à charge política na década de 1930.

Caricaturas publicadas na revista Fon-Fon

Referências

MESTRES do Quadrinho Nacional: Nair de Teffé. 12 set.2005. Disponível em:<https://www.bigorna.net/index.php?secao=biografias&id=1126530762> Acesso em: 30 de março de 2022.

NAIR de Tefé. 18 out. 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nair_de_Teff%C3%A9 Acesso em: 01 de abril de 2022.

UNZELTE, Carolina. Quem foi Nair de Teffé, primeira-dama do Brasil e pioneira na caricatura mundial. 12 de maio 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-56926480>  Acesso em: 02 de abril de 2022.

RODRIGUES, Antonio Edmilson Martins. TEFÉ, Nair de. Nair de Tefé, [20-]. Disponível em:< http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TEF%C3%89,%20Nair%20de.pdf > Acesso em: 02 de abril de 2022.

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