Natalia Goncharova

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Natália Sergeyevna Goncharova, nasceu no Império Russo em 3 de junho de 1881. Seu pai, Sergey Mikhaylovich Goncharov, era arquiteto e matemático formado pela Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou, além disso sua família por parte de mãe possua fortes vínculos com a Igreja e seu avô era professor na Academia Teológica de Moscou. Tendo se mudado para Moscou aos 10 anos de idade e vinda de uma família de alto nível educacional com muito contato com arte, Natália teve a oportunidade de tentar diversas carreiras, como história, botânica e medicina, antes de decidir pela escultura e ingressar na mesma Escola que seu pai havia estudado.

Ela sempre foi apaixonada pelo folclore e pela arte popular russa, especialmente o bordado. Durante seu tempo estudando em Moscou, conheceu seu parceiro de estúdio e futuro marido, Mikhail Larionov. Ela encontrou na pintura seu meio preferido de expressão. Contudo, mulheres poderiam frequentar os cursos mas eram proibidas de se diplomar; isso fez com que abandonasse os estudos acadêmicos e seguisse com a formação em ateliês independentes.

Em 1911 participou do grupo artístico de vanguarda Der Blaue Reiter e em 1915 iniciou a carreira de designer de figurinos de balé e cenários na cidade de Genebra. Mudou-se para Paris em 1921 com Mikhail, onde trabalhavam juntos em diversos eventos e auxiliando artistas russos. Ela seguiu trabalhando como pintora, cenógrafa, figurinista, ilustradora, designer de moda e escritora e faleceu em 17 de outubro de 1962 na cidade de Paris.

No começo de sua carreira não foi muito bem aceita pelos críticos de arte, já que a pintora trazia influências das vanguardas francesas e pintava temas folclóricos da cultura russa. Os elementos do modernismo europeu presentes em suas pinturas a fizeram ser expulsa das aulas de Konstantin Korovin, famoso pintor impressionista russo. Mesmo assim, ela seguiu com a cultura russa como sua principal fonte de inspiração, em especial o folclore e a cultura camponesa. Com o tempo esses assuntos foram alinhados com a estética cubo futurista e, assim, Natália Mikhail Larionov desenvolveu o Raionismo, uma vanguarda onde as cores fortes e linhas geometrizadas tentavam reproduzir os reflexos dos raios da luz. Apesar de sua curta duração, o Raionismo foi crucial para o estabelecimento da arte abstrata russa.

Entre 1913 e 1914, Goncharova abriu a primeira exibição solo em Moscou e São Petersburgo com quase 800 trabalhos exibidos. No prefácio do catálogo da exibição ela afirmava que havia assimilado elementos que a arte do oeste europeu oferecia. No período pré-revolução russa, esta postura modernista era vista como problemática e transgressiva. Geralmente o trabalho de Natalia Goncharova é considerado muito voltado para a cultura eslava para ser universalmente classificado como vanguardista. Nas décadas de 1920 e 1930, Goncharova seguiu trabalhando com pintura, ilustração de livros, design de moda e ensino de artes.

Também desenvolveu mais trabalhos de figurinos para balés e óperas. Em 1936 expôs na exibição de Arte Cubista e Abstrata no Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 1961 ela pintou uma série de quadros com temática cósmica para celebrar o lançamento do Sputnik, primeiro satélite artificial russo. No mesmo ano, o Conselho de Artes da Grã-Bretanha organizou uma grande exposição retrospectiva de seus trabalhos juntamente com seu marido.

A obra Camponesa da Província de Tula (1910) é um dos primeiros trabalhos de Natalia Goncharova, ela traz elementos estéticos de vanguardas europeias para ilustrar a cultura popular da Rússia. Os resultados dessa junção feita pela artista não tiveram boa receptividade por professores e críticos da época. Isso não impediu Natalia de seguir utilizando estes elementos em suas obras posteriores, ainda mais depois de deixar a Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou.

Cats (1913) é um exemplo do novo estilo, o Raionismo, criado em colaboração com seu marido Mikhail Larionov, que descrevia o movimento como sendo “a verdadeira libertação da arte, a partir do antigo sistema de convenções realistas que tinha oprimido a comunidade artística”, os raionistas se inspiraram no dinamismo dos raios de luz para criar um tipo de abstração único. O Ciclista (1913) é uma das pinturas mais emblemáticas não apenas da obra de Natalia Goncharova, mas também do movimento futurista. Nela ficam claros os princípios da vanguarda, como a repetição, deslocamento dos contornos das figuras, que criava o efeito de uma captura em sequência temporal e espacial. Também a sensação de urbanidade, agitação, barulho e movimento. Apesar da composição que possui vertical e horizontal, atípico das obras futuristas. Goncharova pertencia à geração de artesãos que formavam a nova estética da era das máquinas e das velocidades.

Referências

Conteúdo produzido por estudantes Augusto Schröter, Beatriz Belz,Liandra Oshiro, Nicolas Perez, Rodrigo Bittencourt para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria e História do Design 1 (Curso de Tecnologia em Design Gráfico), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto 
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