Yes, we can do it!

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O gesto feito por Rosie the Riveter, no poster de J. Howard Miller (1943), foi considerado um símbolo da capacidade de ação das mulheres durante a Segunda Guerra mundial. O pôster convocava as mulheres à participarem ativamente e assumirem postos de trabalho nas fábricas e em todas as frentes. No pós-guerra, a representação de força e trabalho deu lugar às representações da dona de casa, idealizada para manter os cuidados com a família, deixando os empregos para ex-soldados e alimentando a estrutura familiar fundamental para a produção capitalista. O poster, ainda hoje, funciona como símbolo de poder e força para as mulheres, reforçando que podem, sim, fazerem o que quiserem. Podem dirigir carros e empresas; produzir imagens, narrativas e representações; podem ser mães e designers bem-sucedidas; podem atuar em qualquer área.

Na história do design não é bem assim; encontramos vários apagamentos da produção de mulheres. A invisibilidade das mulheres no design ocorre de diferentes formas: o apagamento de sua produção quando é casada ou trabalhou com um homem, como no caso de May Morris, Regina Graz e Ray Eames, por muitos anos ofuscada como ajudante do marido Charles, e não coautora. É o caso de Lilly Reich, esquecida nos créditos dos móveis “clássicos do século XX” de Mies van der Rohe.

Gunta Stölzl foi designer têxtil, artista, professora. Estudou na Bauhaus e coordenou o ateliê de tecelagem. Foi por muito tempo a única mulher a coordenar um ateliê, que foi um dos mais desvalorizados na escola. Associado às feminilidades, tecidos, tramas, tecnologias de tingir e fiar não eram considerados conhecimentos valiosos. Muitas mulheres ao ingressarem na escola eram encaminhadas à tecelagem. Mesmo após o curso preparatório, o vorkurs, que deveria indicar supostas habilidades e afinidades.

Já Lucia Moholy é conhecida pelo sobrenome do primeiro marido, Laszlo Moholy Nagy, mestre da Bauhaus. Ela era professora de alemão, inglês, formou-se em Filosofia e História da Arte, trabalhou em editoras. Fez cursos de fotografia em Weimar e também na Bauhaus. Registrou a vida na Bauhaus, alunas, professores e a construção da sede em Dessau e as casas dos mestres. Gropius demorou anos para devolver suas fotografias, mas poucas vezes encontramos identificação de autoria nas fotos usadas em publicações sobre a escola.

Outra estratégia é usar características do corpo biológico para justificar a associação entre certas atividades e as mulheres, resultando em estereótipos e assimetrias. Muitas mulheres na Bauhaus desenvolveram brinquedos e móveis infantis, como uma consequência “natural ” da capacidade de serem mães. Sonia Delaunay teve sua colcha de cores e contrastes tratada como um sentimento maternal, enquanto o marido aplicava racionalmente a teoria das cores.

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