série design brasileiro
Por Emely Cardoso, Julia Carvalho e Kathleen Lins
Alexandre Wollner, conhecido como o “pai” do design moderno brasileiro, nasceu em 16 de setembro de 1928 em São Paulo. Filho de imigrantes iugoslavos, sua história com o design começou na oficina de tipografia do pai. Estudou no Instituto de Arte Contemporânea em São Paulo, junto com Poty Lazzarotto (1924-1998). Em 1953 esteve na primeira turma da Escola Superior da Forma (HfG) de Ulm, na Alemanha, uma espécie de continuação da Bauhaus. Quando retornou ao Brasil, cinco anos depois, trouxe na bagagem conhecimentos que usaria para mudar o design brasileiro.
Um dos seus primeiros trabalhos quando retornou foi a inauguração do primeiro escritório de design do Brasil: o Forminform, junto com Geraldo de Barros (1923-1998), Rubem de Freitas e Walter Macedo. Wollner criou programas de identidade visual para empresas nacionais, incluindo sistemas de sinalização, design editorial, linhas de embalagem e cartazes.
A logomarca da Coqueiro foi criada em1958 quando trabalhava na Forminform, com muitas formas geométricas, marca característica do Design, a folha do coqueiro é formada por uma sequência de círculos seccionados, já o peixe é formado por triângulo e um quadrilátero, as cores das latas são associadas aos molhos que acompanham o peixe.
Nos anos 60, depois da fundação da ESDI, Wollner deixou a Forminform e abriu seu próprio escritório, onde desenvolveu logotipos para empresas como a Eucatex (1967) a Itaú (1972) e foi responsável pela criação da logo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC) .
Wollner em muitos de seus trabalhos usa como referência a sequência Fibonacci, como para a logotipo da Eucatex, com a letra E espiralada, que tem como referência também o labirinto do ouvido humano. Toda a questão acústica serviu de inspiração para ele, já que no começo da empresa Eucatex, seu foco era a venda de forros com isolamento acústico.
Para o Itaú, Wollner definiu a marca com o conceito 4, um quadrado, dividido por 4 na horizontal e 4 na vertical, a divisão por 4 quantas vezes fosse necessário para ter uma estrutura fixa de uso de linguagem, ou seja, uma aplicação de sistema para ser aplicado nos modelos de fachada, sinalizações internas e externas da marca, outro ponto importante é a cor da logo original, preto e branco, já que Itaú em Tupi-guarani significa “pedra preta”, quando a logo mudou para as cores azul, laranja e amarelo, Alexandre saiu da equipe.
Muitos de seus trabalhos tem figuras geométricas e abstratas , mas é a precisão e o rigor que faz Alexandre Wollner ser tão reconhecido, com muita matemática e representação técnica, seus design vão muito além de cor e forma. Na logo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, não poderia ser diferente, Alexandre usou a proporção 2:5 e cada módulo é dividido por 5 submódulos, cada submódulo é dividido por 4 módulos, a espessura das letras é igual a 1/2 do submódulo, o espaçamento é 1/5 de submódulo e por fim, o círculo é 1/4 do submódulo maior.
Alexandre Wollner ainda presidiu a Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI) em duas gestões (1970-72 e 1973-74) e foi consultor da prefeitura de São Paulo, ganhou vários prêmios nacionais e internacionais. Foi um grande defensor do trabalho técnico, intelectual e independente. Afirmava que “design é projeto, não é ilustração, nem decoração” e também que “uma definição de design… É muito difícil, porque a evolução da linguagem, dos elementos técnicos é tão rápida que se fala de uma coisa hoje e ela é diferente amanhã.’’ Sua dedicação, paixão e comprometimento deixaram uma grande marca na forma de pensar o design no Brasil. Alexandre Wollner faleceu aos 89 anos no dia 4 de maio de 2018, na cidade onde nasceu, São Paulo.
Referências
https://ebac.art.br/about/news/5234/ 03/06/2022
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa22258/alexandre-wollner 03/06/2022
https://hardecor.com.br/a-arte-do-designer-alexandre-wollner/ 03/06/2022
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/05/wollner-defendia-trabalho-tecnico-
intelectual-e-independente.shtml 03/06/2022
https://daniname.wordpress.com/2009/11/27/o-caso-das-sardinhas-coqueiro/ 06/06/2022
https://www.mauriciofaccin.com/blog/designers-brasileiros-alexandre-wollner-pai-da-
modernidade-do-design-brasileiro/ 06/06/2022
STOLARSKI, André. Alexandre Wollner e a formação do design moderno no Brasil. Depoimentos sobre o design visual brasileiro. São Paulo: Cosac Naify, 2005 (documentário). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s7LOZLMRRO0>.