série design brasileiro
Por Juliana Destefani, Luiz Miguel, Jessica Fontes e Pedro Bernardi
Emilie Chamie foi uma designer gráfica com habilitação em comunicação visual. Nasceu em 1927 em Beirute, Líbano e faleceu em 2000 em São Paulo onde era residente desde 1944. Estudou de 1951 a 1953 no IAC (Instituto de Arte Contemporânea) do Masp (Museu de Arte de São Paulo), fazendo parte da primeira safra de profissionais formados pelo instituto. Em 1963 integra o escritório forminform e participa da Semana de Arte Mundial da Vanguarda, na galeria Riquelme em Paris no ano de 1965. No ano precedente ela apresenta trabalhos na Exposição de Arte Internacional, na galeria Luana Mordo, em Madri.
Em 1973 fez sua primeira exposição solo: Vinte Anos de Trabalhos Gráficos e Fotográficos que ganha o prêmio de melhor exposição da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Em 1978, Emilie é considerada pela APCA a melhor artista gráfica do ano, pelo design do livro Mitopoemas Yãnomam.
Entre os projetos que desenvolveu estão a identidade visual para o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e para o CCSP (Centro Cultural São Paulo), além de livros e cartazes, como os do 4º e 16º Salão Paulista de Arte Moderna. Em 2000, pouco antes de falecer, organiza e publica o livro, sobre sua obra, Rigor e Paixão: poética visual de uma arte gráfica.
Chamie não fazia distinção entre seu trabalho, momentos de regojizo e diversão. Ela apreciava muito a poesia e namorou o poeta argentino Mario Trejo. Logo depois se relacionou com Mario Chamie, com quem se casou.
Segundo Emilie, o cartaz do concurso da Bienal Internacional de São Paulo é um trabalho didático para entender o significado preciso das cores: “O branco dos números gritam sobre o preto, já que a própria letra estaria gritando, veja o tamanho dela!” No cartaz da Bienal Internacional de São Paulo, a única informação digna de nota que varia de Bienal para Bienal é o seu número. Na linha branca ficam apenas a data e o local onde essa bienal está ocorrendo e o “buraco” no cartaz preto sugere que ela assume a cor da superfície onde está anexado: “Este espaço vai conter mil coisas aleatórias, mil cores”.
A sua atuação profissional e produção é tanto vasta quanto diversificada, tem atuação forte no contexto cultural, desde a direção de espetáculos de dança, mas também para marcas empresariais, respondendo à síntese de sua construção gráfica: simplicidade, rigor e estética.
Ela é uma artista de origem árabe e isso deve ser exaltado para compreender seu trabalho, pois justifica a importância da letra e o distanciamento do purismo geométrico.
Um princípio fundamental que pode ser observado em seus projetos é a síntese-informativa, em que a a palavra e o signo gráfico devem gerar um significado ao conjunto, de modo a permitir uma comunicação visual rápida e de fácil assimilação. Esse para Chamie, é o grande objetivo do design: ser funcional e visualmente comunicável.
No livro Rigor e Paixão: Poética Visual de uma Arte Gráfica, ela mostra o caminho que percorre entre o elemento mínimo e o resultado final, no qual consegue unir as duas características: rigor e paixão. O elemento mínimo é a letra. Nas palavras de Emilie, Rigor e Paixão “não é catálogo, nem coletânea, são trabalhos selecionados para dialogar entre si; não estão em ordem cronológica, mas de “parentesco”.
Referências
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