Margarete Heymann-Marks Lobenstein

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Margarete Heymann-Marks Lobenstein (10/8/1899 – 11/11/1990), também é conhecida como Margarete Heymann, Margarete Heymann Lobenstein, Margarete Heymann-Marks e Grete Marks. Foi uma ceramista de família judaica, nascida em Colônia na Alemanha, onde estudou pintura na Faculdade de Artes Aplicadas e na Academia de Belas Artes em Düsseldorf.

Ingressou na Bauhaus em 1920 e, enquanto a maioria das mulheres seguiram carreira na tecelagem, Grete insistiu em estudar cerâmica, um ateliê majoritariamente masculino na época e que não aceitava mulheres. Ela descobriu que havia apenas uma estudante de cerâmica, então fez um apelo formal ao diretor Walter Gropius, que se viu forçado a recuar. No terceiro semestre na Bauhaus, os professores da escola decidiram não aceitá-la mais no ateliê. Gerhard Marcks e Max Krehan a consideravam “provavelmente talentosa”, porém não adequada para a cerâmica. No ano seguinte Grete deixou a escola. 

Grete não permaneceu  estudando na instituição por muito tempo; no entanto, suas obras e seu estilo sofreram grande influência  estética daquilo que era lecionado na Bauhaus. Focada na produção de cerâmicas, Grete utilizou-se de formas geométricas e cores primárias em grande parte de suas produções artísticas.

Ela era uma mulher excepcional, que se recusava a viver de acordo com as regras. Seu trabalho era original, funcional, muito, muito bonito e notavelmente avançado para a época. As razões da sua obscuridade dizem-nos tanto sobre a razão pela qual algumas pessoas são consideradas vencedoras – e outras como perdedoras – na história do design. Heymann. Alice Rawsthorn, 2009

Em 1922, Grete aceitou um convite para trabalhar como assistente artística da Velten-Vordamm Cerâmica, em Velten, Berlim. No ano seguinte, fundou junto com seu marido Gustav Löbenstein, um industrial, e seu irmão Daniel Löbenstein, a Haël, união das iniciais dos sobrenomes dos três. A Haël se transformou em uma empresa de cerâmicas artísticas, com peças compostos por formas simples como triângulos e círculos, com esmaltes em cores vivas como amarelo e azul e chegou a contar com 120 funcionários, com exportação dos produtos para os Estados Unidos e Inglaterra. A empresa ficou conhecida pelos bons designs e também pelo branding inteligente: cada peça era identificada com o símbolo da Haël, uma composição de círculos e linhas que destacavam as letras H, L A empresa produziu xícaras de chá, vasos, potes, cinzeiros, entre outros itens.

Vasos (1923-1934), Museu Bröhan, Berlim.
Serviço de chá Scheibenhenkel (1923-1934), Museu Bröhan, Berlim.
Serviço de chá Haël Norma (1923-1934), Museu Bröhan, Berlim.

Em 1928 o marido faleceu em um acidente de carro, fazendo com que Grete, viúva e com dois filhos, cuidasse dos negócios sozinha até a ascensão do nazismo. Em 1933, a Haël mantinha suas atividades e expôs produtos na feira de Leipzig, com avaliação positiva e jornais locais. Em 1934, no entanto, ela foi denunciada por dois funcionários da empresa por “desprezo à autoridade alemã” (Otto; Rössler, 2019). Ela vendeu a fábrica por uma ninharia, pois era judia e seu trabalho foi considerado “degenerado” pelos nazistas. Um de seus clientes a ajudou a se mudar junto com os filhos para a Inglaterra, estabelecendo-se em Stoke-on-Trent, a cidade industrial conhecida como “The Potteries”, motivada pela crença de que designers deveriam trabalhar próximos à indústria. “Os fabricantes locais produziam delicados jogos de chá com festões de flores, e o material dela era muito, muito diferente” (Rawsthorn,2009). Em 1938, casou-se com Harold Marks e fundou seu próprio estúdio chamado Greta Pottery, que vendia variações dos designs da Haël. Com o início da Segunda Guerra Mundial, Grete encerrou suas produções devido às limitações impostas  pelo governo. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, cansada do conservadorismo de Stoke-on-Trent, mudou para Londres e se reiventou como pintora e ceramista.

É tentador pensar que tudo que uma designer de sucesso precisa é de talento e determinação. Mas não são suficientes quando o gênero, a geografia e o momento conspiram contra si, como aconteceu com Margarete Heymann

Alice Rawsthorn, 2009

Referências

Margarete Heymann-Marks Lobenstein, Google Arts and Culture Dísponível em:  https://artsandculture.google.com/incognito/entity/margarete-heymann/m0swq00x  

RAWSTHORN, Alice. A Distant Bauhaus Star. Design. The New York Times. 01/11/2009. Disponível em:  https://www.nytimes.com/2009/11/02/arts/02iht-design02.html.

Margarete ‘Grete’ Marks. BenUri. Disponível em: https://benuri.org/artists/93-margarete grete-marks/biography/ 

Margarete (Grete) Heymann- Loebestein(Later Marks). Jüdsches Museum Berlin.  Disponível em: https://www.jmberlin.de/en/topic-margarete-heymann-marks 

Haël. Margarete Heymann- Loebestein and her Workshops for Decorative Ceramics 1923- 1934. Bröhan-Museum. Disponível em: https://www.broehan-museum.de/en/exhibition/hael margarete-heymann-loebenstein-and-her-workshops-for-artistic-ceramics-1923-1934/ 

RÖSSLER, Patrick. Bauhaus women: a global perspective. Taschen: Colônia, 2019.

Trabalho desenvolvido na disciplina de Teoria do Design 1 por Hadassa Siqueira, Sarah Mitt, Júlia Pirchiner e Maria Eduarda Cresta, estudantes do curso de Bacharelado em Design da UTFPR, com a colaboração e revisão de Lindsay Cresto.
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