A revista Arcos Design está com chamada aberta de artigos para o Dossiê Temático – (Des)construindo o campo: transformações, reflexões e contestações nas teorias e práticas de design.
Prazo de envio dos textos: 31 de janeiro de 2023.
Previsão de publicação: início do segundo semestre de 2023.
Editoras convidadas:
Lindsay Cresto (Professora do Departamento de Desenho Industrial da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e doutora em Tecnologia e Sociedade pela mesma instituição)
Maureen Schaefer França (Professora do Departamento de Desenho Industrial da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e doutora em Tecnologia e Sociedade pela mesma instituição)
Proposta:
O ano de 2023 será de dupla comemoração. A Escola Superior de Desenho Industrial, fundada em 1963, completará 60 anos de existência e a revista Arcos Design, 25 anos de divulgação científica. O primeiro número foi lançado em 1998, antes mesmo da criação do Programa de Pós-Graduação da Esdi, que só veio a ocorrer em 2005.
Para essa dupla comemoração, relembramos o significado do nome da revista Arcos Design, que faz referência à estrutura utilizada na construção de aquedutos, um dos elementos que fundamentaram a formação, a organização e o crescimento da sociedade brasileira. A permanência dessa estrutura ao longo dos séculos é um índice material das necessidades e intenções de uma nação que soube como se projetar no tempo e no espaço.
No Rio de Janeiro, o aqueduto construído no século XVIII para levar água do rio Carioca até o Largo da Carioca, deixou de cumprir sua função primeira, porém sua estrutura permanece viva. E foi ali, ao lado dos Arcos da Lapa, que foi erguida a primeira escola de ensino superior de design no Brasil. A Esdi, criada a partir da importação do modelo curricular da HfG-Ulm, instituição alemã marcada por um pensamento projetual pretensamente “universal”, hoje acolhe vozes engajadas com a pluriversidade.
Assim como os arcos foram fundamentais para o desenvolvimento de diversas cidades e a formação da cultura brasileira, a Esdi e a revista Arcos Design contribuíram para a construção do campo do design e divulgação da produção científica. Sendo assim, no contexto de comemoração de ambas instituições, se faz urgente e necessário discutir transformações, manutenções, contestações e reparações ocorridas no campo do design, na atualidade e nas últimas décadas, no que diz respeito aos seus aspectos políticos, sociais, econômicos, tecnológicos e ambientais.
O design brasileiro é tratado frequentemente a partir da Esdi. A gênese do design no Brasil nos anos 1960 consiste em um mito de origem que tem legitimado narrativas que desconsideram a importância da produção industrial realizada por vários profissionais anteriores a este período, uma vez que estes já vinham realizando práticas projetuais com alta complexidade tecnológica e relevância econômica e cultural. Entretanto, restringir o design apenas a objetos fabricados industrialmente, é excluir da história parte do que as minorias projetaram, visto que, por vezes, elas só tiveram acesso a meios artesanais e de baixa escala. Nesta perspectiva, devemos ampliar o universo de investigação do design, podendo compreendê-lo como uma prática investida de intenção e capaz de produzir sentidos e constituir relações sociais. Logo, a maneira como o design é teorizado-praticado é importante, podendo dar relevo para aquilo que é considerado digno de ser investigado/produzido, mas também podendo restringir o acesso a determinados conhecimentos e modos de existência.
Propomos, portanto, agrupar pesquisas relacionadas às transformações ocorridas, na atualidade e nas últimas décadas, nas teorias e práticas do design, estando estas articuladas a questões históricas, políticas, sociais, econômicas, educacionais, tecnológicas e ambientais.
Os tópicos de interesse incluem (mas não estão limitados a):
1- Teoria e História do Design no Brasil e na América Latina;
2- Design e educação: reflexões, desafios e experiências;
3- Transformações no mundo do trabalho do design: novas práticas e configurações, contradições e precarização;
4- Produções nas margens: práticas de resistência, perspectivas contra hegemônicas e atuação de minorias no design sob o enfoque de teorias feministas, decoloniais e antirracistas;
5- Design e Cultura Material: discussões sobre produção, circulação e consumo de design a partir de perspectivas de gênero/sexualidade, raça/etnia, idade/geração e/ou classe social.
Por fim, convidamos toda a comunidade de pessoas que pensam, sentem e fazem design a participar do volume 16, n. 2 da revista Arcos Design submetendo trabalhos até 31 de janeiro de 2023.
Link para submissões de artigos e diretrizes para articulistas