Conforme o manifesto “First Things First”, assinado por Ken Garland entre outros designers e publicado em 1964 no jornal The Guardian, o design deve promover maior consciência do mundo. Nesta perspectiva, o chamado “design ativismo” pode ser compreendido como uma forma engajada de atuar no campo do design com o objetivo de confrontar as mais variadas estruturas sociais de opressão, dando relevo para denúncias e reivindicações, podendo estimular a criação de políticas públicas a fim de reduzir desigualdades sociais.
Sendo assim, no primeiro semestre de 2022, a docente Maureen Schaefer França propôs aos estudantes da disciplina de Fundamentos do Projeto Gráfico, do curso de Tecnologia em Design Gráfico, que desenvolvessem cards para o Instagram a respeito das “Conquistas sociais do Brasil”.
Pois, historicamente, grupos de pessoas foram impedidos de estudar, votar, acessar lugares, manter suas tradições e religiões, se locomover no espaço público e descansar aos finais de semana após longas jornadas de trabalho. Apesar da manutenção de algumas desigualdades sociais – uma vez que vivemos em um país em que machismo, racismo, preconceito de classe, LGBTfobia, capacitismo entre outras opressões são estruturais -, a sociedade brasileira reivindicou nos últimos tempos, com muita luta e resistência (pacífica e/ou cruenta), vários direitos de cidadania.
Por vezes, os direitos conquistados foram naturalizados como dádiva da classe política, das camadas abastadas ou do próprio capitalismo, escamoteando o esforço dos movimentos sociais. Pois, a conquista de direitos demanda estudos relacionados a vários campos do saber, a tomada de consciência acerca das opressões, mobilizações de um grande contingente de pessoas, estabelecimento de pautas, a organização de eventos, a construção de argumentos sólidos para se fazer ouvir, a criação de instituições e, principalmente, persistência.
Apesar de tais avanços sociais – inclusive respaldados pela Constituição Federal e, portanto, deveres do Estado -, muitos cidadãos têm seus direitos interditados, desprezados, invalidados, em outras palavras, sua autonomia e dignidade negadas. Além disso, parte da população, por inúmeras razões, desconhece seus direitos, podendo ser submetidos a prejuízos emocionais, intelectuais, econômicos e socioculturais. Ademais, a priori, a igualdade é um fundamento caro para o ideário do Estado Democrático de Direito, portanto, é imprescindível que todos se sintam e sejam reconhecidos e respeitados como cidadãos.
Nesta perspectiva, o design de cards para o projeto “Conquistas de direitos sociais do Brasil” pode explorar vários problemas como:
-a desinformação com relação aos direitos sociais;
-o apagamento da luta de movimentos sociais na conquista de direitos;
-o não cumprimento de direitos pelo Estado e demais instituições;
-a necessidade de ampliar/aperfeiçoar direitos.
Sendo assim, foram propostos os seguintes temas para os estudantes:
-direito de greve; voto feminino; SUS; nome social; inclusão da pessoa com deficiência; cotas raciais; união estável homoafetiva; licença paternidade/licença parental; direitos originários dos indígenas sobre a terra; laqueadura.
