Estella Tuchsnider Aronis (1932-2021), nasceu em São Paulo. Sua mãe costurava para a família e seu pai tinha uma loja de roupas femininas e de trajes náuticos. Aos 14 anos, Aronis foi aprendiz de escultura deJoão Baptista Ferrie depois estudou gravura e desenho com Poty Lazarotto no MASP. Ela foi uma das primeiras alunas do IAC (Instituto de Artes Contemporâneas do MASP). O sistema de ingresso nesse instituto era por meio de um exame de admissão próprio, mas Estella teve a oportunidade de se tornar aluna quando Pietro Maria Bardi, crítico de arte italiano e idealizador do MASP viu seus desenhos expostos no museu. Ela recebeu imediatamente um convite para participar da escolae foi aprovada. Enquanto fazia aulas no Museu, Osvaldo Bratke, arquiteto paulista, a indicou para trabalhar na loja de Joaquim Tenreiro, onde ela estagiou por um tempo. No IAC ela fez um curso rápido com Luisa Sambonet, coordenadora responsável pela formação de modelos, tecelagem, desenho de moda e atelier de costura. Esse curso resultou na padronagem de antúrios para a empresa Matarazzo Boussac, visando a uma moda brasileira sem cópias.
Depois de formada, ela se casou, mas seu marido a proibiu de ir para o mercado de trabalho, cuidar da casa e dos filhos. Como ela afirmou: “Não tenho nada de feminista, ao contrário. Fui submissa em meu primeiro casamento, quando meu marido disse que, se eu não trabalhava antes morando com meu pai, não trabalharia casada… Me sinto, sim, alguém que as artimanhas da vida não conseguiram derrotar’’. Após a morte de seu primeiro marido, ela passou a trabalhar, também, fora de casa, agora para sustentar a si e a seus filhos. Após alguns anos, ela se casou com o ex-colega do IAC, Alexandre Wollner, e foi trabalhar com ele em seu escritório, mais tarde tornou-se sócia minoritária e trabalhou em diversos projetos que marcaram sua carreira, como a marca do restaurante Charlotte e os uniformes para o Equipesca. Anos depois se divorciou de Wollner, saiu do escritório e trabalhou na empresa de Caio Alcântara Machado, seu primeiro contato profissional, na divisão de Congressos.
Análise da produção da designer
Há poucas informações sistematizadas sobre Aronis e seus projetos, poucos trabalhos dela foram arquivados para a posterioridade, mas algumas produções notáveis foram a sinalização do aeroporto de congonhas, a identidade visual do Global Index Impact of Applied Microbiology, os uniformes e o cartão de ano novo da Equipesca e a marca do restaurante charlotte. Ela era uma designer que trabalhava em diversas áreas.
Quando ainda trabalhava com Wollner, Aronis produziu os primeiros uniformes ergonômicos do Brasil, em seu projeto para a Equipesca, para isso, realizou uma pesquisa intensa com questionários e utilizou seus conhecimentos em sociologia. Ela trabalhou no projeto de comunicação visual do Aeroporto de Congonhas, nessa época, Aronis acreditava que os pictogramas eram mais eficientes, por também incluir a população iletrada (mas após alguns anos ela abandonou essa “ideia utópica” de que pictogramas poderiam substituir palavras), ela procurou fazer uma comunicação objetiva e redundante (usando palavras junto dos pictogramas), para os passageiros se localizarem rapidamente pelas placas e com facilidade, ela atualizou os antigos pictogramas que, segundo ela, não faziam mais sentido. Além disso, o centro empresarial também a contratou para desenvolvera sinalização e uniformes dos diferentes restaurantes do lugar.
Seu primeiro trabalho com escritório próprio foi o IV Global Index Impact of Applied Microbiology, congresso de Microbiology realizado no Palácio das Convenções, no Anhembi. Neste trabalho, Estella criou o código de cores com base no laranja, predominante nos laboratórios de microbiologia, e desenvolveu toda a identidade visual: a marca, o cartaz, toda a papelaria e a bandeira do congresso.
Apesar da paixão da Estella ser a arquitetura residencial, pois, segundo ela, “você entra na vida da pessoa e cria uma relação próxima para entender seus desejos para sua casa”, ela trabalhou nessa área muito mais tarde, juntocom seus dois filhos (arquiteto e engenheiro), em alguns projetos de casas e apartamentos. Ela trabalhou no escritório de Alexandre Wollner e atuou em diversas áreas: desde design têxtil, identidade visual, design gráfico, arquitetura promocional, design de sinalização, e teve seu próprio escritório de arquitetura. Ainda que não existam muitas informações sobre sua trajetória e seu trabalho, ela teve uma produçãorelevante para a história do design brasileiro.
Referências
LEON, Ethel. IAC Primeira escola de design do Brasil. São Paulo: Blücher, 2014.
LEON, Ethel. Memórias do design brasileiro. São Paulo: Senac, 2009.
Conteúdo produzido por estudantes Amábili Riffert, Henrique Yuji, Laudiany, Letícia Kussek, Rafaela Chiarelli e Raissa Lizieri para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria e História do Design 1 (Curso de Tecnologia em Design Gráfico), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto