Fayga Ostrower

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série design brasileiro

Por Jéssica Akemi Meguro, Renan Friggi Silva, João Pedro do Nascimento, Luana de Oliveira V. Martins e Helena Coser Moreira. 

Fayga Ostrower nasceu em 1920 na Polônia e morreu em setembro de 2001, no Rio de Janeiro. Radicou-se no Brasil em 1934 com a família e teve fortes contribuições na área da educação e da arte, transitando entre muitas técnicas em sua vida, tal como a gravura e pinturas de diferentes estilos. 

Sua formação foi em Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas e recebeu uma bolsa para estudar na Fullbright em Nova York. Durante sua carreira, Fayga realizou múltiplas exposições, individuais e coletivas, em todo o mundo e recebeu prêmios importantes para o reconhecimento de seu trabalho, com destaque para o Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo (1957) e o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza (1958). 

Além disso, teve reconhecimento importante do Estado brasileiro, como em 1972, quando foi agraciada com a condecoração Ordem do Rio Branco, em 1998, condecorada com o Prêmio do Mérito Cultural pelo Presidente da República do Brasil e em 1999, recebendo o Grande Prêmio de Artes Plásticas do Ministério da Cultura. 

Atuando como professora, contribuiu muito para a arte e design brasileiro, desenvolvendo cursos e palestras para operários e centros comunitários. Ostrower se importava muito com a divulgação e acesso da arte em todas as classes sociais e ocupou cargos culturais importantes visando a valorização artística. Entre 1963 e 1966, foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas e também foi parte da comissão brasileira da International Society of Education through Art Insea da Unesco até 1982, saindo para ocupar uma posição como parte do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro. 

Principais Trabalhos 

Iniciou suas artes após o término da Segunda Guerra Mundial e devido a suas raízes históricas e culturais, se inseriu no momento político, social e cultural brasileiro e encontrou-se no Expressionismo Alemão. Através desse movimento, ela achou uma forma de se expressar na arte em um momento de desigualdade social, crise econômica e guerras, criando obras que não fossem puramente estéticas ou de protesto. 

O uso da xilogravura e da gravura em metal foi precioso para Fayga pois eram formas de artes que podiam ser facilmente reproduzidas e distribuídas para um maior número de pessoas de forma econômica, tornando a arte mais acessível.

Suas primeiras artes vendidas foram dedicadas a ilustrações de livros da literatura brasileira, como em a capa de “O Cortiço”e buscava retratar sentimentos, costumes e a miséria, foco na representação de pessoas e figuras da natureza brasileira. Aos poucos, enquanto buscava uma maneira mais densa de se expressar, alternando entre estilos e estudos, foi extremamente influenciada por Cézanne e assim, deixou a arte figurativa e caminhou rumo à abstração. Mesmo que por muito tempo, tenha abordado temas extremamente críticos e de razão social, a artista passou então a se questionar e chegou à conclusão de que a arte de crítica social ou política como forma de conscientização, estava fora de seu alcance e começou a estudar ainda mais abstratos, ação que causaria o reconhecimento internacional de suas obras. 

Em 1957, levou o prêmio de gravura da Bienal de São Paulo e foi duramente apontada como o ponto nevrálgico da gravura brasileira. A designer causava um impacto no cenário brasileiro ao romper com a gravura figurativa, predominante na época, sendo vanguardista no abstracionismo e declarando que esse estilo lhe dava maior liberdade de criação e grande riqueza visual. 

Os críticos reclamavam porque a arte brasileira da época era figurativa, não aceitavam a abstração. Ostrower também não foi aceita por seu trabalho ser em gravura e na década de 1940, isso era considerado como arte secundária. No entanto, as críticas negativas diminuíram após ela ganhar a premiação da Bienal de Veneza, extremamente valiosa na época, elevando assim o status da gravura brasileira ao da pintura e da escultura e não mais tido como inferior. Assim, abriu-se cursos dedicados especialmente à gravura, tornando-a um dos pilares do modernismo brasileiro. 

Fayga trabalhou com tecidos, estampas rabiscadas e muitas cores. Embora a principal parte de sua obra tenha se concentrado nas gravuras, realizou muitos trabalhos em aquarela, com foco no lirismo, luz, ritmo e uma universalidade da arte, evidentes nas últimas aquarelas produzidas pela artista. Era claro para ela que a arte bela deveria ter todos os componentes ordenados, com relacionamentos formais que se apresentassem necessários e significativos. 

Não apenas com obras de arte que Fayga mudou o design e a arte, ela também lecionou aulas para estudantes de psicologia, filosofia e matemática para divulgação de métodos artísticos e da conexão da ciência com a arte. Para ela, a ciência e a arte sempre compartilham a mesma realidade cultural, qualquer evento histórico e social haveria de ter conseqüências em ambas e se empenhou em compreender a reação de cada uma delas às transformações culturais e em que pontos os pensamentos divergiam-se ou se conectavam. Escreveu também seis livros para popularizar esses conhecimentos, abordando questões complexas de forma clara e sempre focando na acessibilidade. 

Fayga Ostrower foi fundamental no campo da arte, do design e principalmente no pensamento intelectual brasileiro. Para o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar, Fayga se destacava também como pensadora. 

“Podemos falar de Fayga como uma personalidade única e que, ao longo de sua vida, tanto no trabalho de criação quanto no campo da reflexão, reuniu uma soma de conhecimento artístico e humano que não encontro em qualquer outro artista brasileiro. Desconheço a existência, entre nós, de alguém igualmente equipado para o exercício do trabalho de arte e a transmissão de seu conhecimento.” 

Apagamento de suas contribuições 

Fayga Ostrower não é um nome comumente discutido, há de se considerar sua posição como mulher no ambiente artístico que predominantemente divulga apenas homens, e ainda em sua maioria estrangeiros, como um motivo por seu desaparecimento na história da arte e do design. Se compararmos com outros nomes da época, que se tornaram muito significativos na arte brasileira da época: Oswaldo Goeldi, Livio Abramo e Lasar Segall, é muito óbvio que Fayga acabou apagada. 

Além disso, apesar de sua nacionalidade não ser brasileira, a maior parte da vida artística de Fayga foi no Brasil, o que a apaga ainda mais. Devemos lembrar que para ser reconhecida como artista em sua época, foram necessários prêmios internacionais e até hoje, costumamos ignorar artistas de nosso próprio país e valorizar o exterior. 

Há tentativas de manter sua história viva, como o Instituto Fayga Ostrower e a divulgação de suas obras na Pinacoteca, mas ela raramente está em acervos de outros museus.

Referências

Prazer em conhecer, Fayga Ostrower. Historia das Artes, 2022. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/fayga-ostrower/>. Acesso em: 8 de jun. de 2022. 

Textos sobre Fayga. Fayga Ostrower Org, 2022. Disponível em: <https://faygaostrower.org.br/a-artista/textos-sobre-fayga>. Acesso em: 8 de jun. de 2022. 

A artista. Fayga Ostrower Org, 2022. Disponível em: <https://faygaostrower.org.br/a-artista>. Acesso em: 8 de jun. de 2022. 

Fayga Ostrower, uma vida aberta à sensibilidade e ao intelecto. Scielo, 2022. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/hcsm/a/4XJyP7vdXL3TXGMszpXKGSy/?lang=pt>. Acesso em: 8 de jun. de 2022. 

Por que Fayga Ostrower, pioneira da gravura, era um exemplo a não ser seguido. Folha, 2022. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/02/por-que-fayga-ostrower-pioneira-da-gravur a-era-um-exemplo-a-nao-ser-seguido.shtml>. Acesso em: 8 de jun. de 2022.

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