Grete Stern

0 Compartilhamentos
0
0
0
0
0

Grete Stern foi uma fotógrafa alemã, lembrada como uma grande figura da fotografia, pelo espírito de vanguarda que caracterizou seu trabalho. Nasceu em 9 de maio de 1904, em Elberfeld, na Alemanha, e faleceu aos 95 anos, no dia 24 de dezembro de 1999, em Buenos Aires, na Argentina.

Grete foi a primeira filha de Frida Hochberger e Louis Stern, que faleceu quando ela tinha 7 anos de idade. Sua família era judia e estava envolvida no setor têxtil, o que os tornava classe média. Durante toda a sua infância, viajava para visitar parentes na Inglaterra, onde frequentou seus primeiros anos do ensino fundamental.

Já mais velha, teve aulas de piano e violão, e de 1923 a 1925, estudou artes gráficas na Escola de Artes aplicadas de Stuttgart. Em 1926, aos 22 anos, começou a trabalhar como designer gráfico freelancer e artista de publicidade em sua cidade natal. Foi depois de ver uma exposição de fotografia de Edward Weston e Paul Outerbridge, que ela se inspirou para estudar fotografia.

Em 1927, Stern mudou-se para Berlim para viver com seu irmão Walter, que trabalhava como editor de filmes e, por conta disso, tinha conexões com a comunidade de cinema e fotografia locais. Por meio dele, conheceu Otto Umbehr, um fotojornalista que a enviou para ter aulas particulares de fotografia com Walter Peterhans, fotógrafo muito conhecido na época. Ela teve o privilégio de ser sua primeira aluna, o que diz muito sobre os talentos de Grete na época. Peterhans viria a ser nomeado professor de fotografia na Bauhaus anos mais tarde.

Um ano depois, no estúdio de Walter, Grete conheceu Ellen Auerbach, com quem abriu um estúdio de fotografia e design especializado em retratos e publicidade. O nome do estúdio, ringl+pit, juntava os apelidos de infância das duas artistas e era propositalmente escrito em letras minúsculas e com o sinal de adição entre as palavras, influenciado pelo estilo moderno da Bauhaus. Essa seria a marca do estúdio, produzindo e assinando todos os trabalhos juntas.

Stern e Auerbach desenvolveram uma maneira tão forte de ver, desenhar e praticar a fotografia coletiva, que mais tarde nem sabiam quem havia operado a câmera e cuja mão havia sido fotografada.

Essa abordagem da fotografia foi, provavelmente, resultado de anos de estudo com Walter Peterhans, como Stern descreve mais tarde: “nós não tínhamos nenhum livro, mas ele nos fez ver as coisas. Ele nos ensinou a ver”. E assim, Stern e Auerbach, com suas câmeras, começaram a estudar seus arredores, movimentos e perspectivas, formas e corpos e as normas de gênero dominantes de seu tempo. Circulando em filmes, fotografias, revistas ou anúncios, a figura da “Nova Mulher” tornou-se protagonista na obra de ringl+pit.

Mesmo com enfoque especial em retratos para publicidade, o trabalho da dupla era experimental em tudo: para uma propaganda de luvas, a foto escolhida foi a de uma peça de criança virada do avesso, mostrando seu interior; em outra propaganda, uma cabeça de manequim compõe a imagem de duas luvas cruzadas. As montagens eram instigantes e radicais, e levaram o ringl+pit a conquistar público e crítica, tornando-se um estúdio popular e premiado em Berlim do início dos anos 30.

Foi o primeiro estúdio de fotografia comercial de propriedade feminina em Berlim; mas não se destacou apenas por serem mulheres no comando, – haviam várias fotógrafas famosas na Alemanha naquela época, – e sim porque suas fotos faziam algo completamente novo com a arte. Elas tinham um estilo que agradava aos anunciantes por ser algo que ninguém havia feito antes.

Em 1929, quando Peterhans se tornou professor na Bauhaus de Dessau, Stern o acompanhou para continuar estudando com ele e Auerbach manteve o estúdio funcionando na ausência dela. Na Bauhaus, Grete conheceu um fotógrafo argentino e colega de Peterhans, Horacio Coppola que, mais tarde, se tornaria seu marido.

Enquanto sua carreira criativa se desenvolve, ela está morando em Berlim, no período de Weimar. É uma mulher judia vivendo na Alemanha na década de 1930, e as coisas estão mudando rapidamente. A Alemanha entrou em um período de mudança social radical, o clima social do período entre as guerras era caótico e provocou uma explosão de arte de vanguarda e inovações em design e tecnologia.

Em março de 1933, a Bauhaus fechou suas portas permanentemente, perseguida pelos nazistas. Embora não fosse uma ativista, Grete simpatizava com os movimentos esquerdistas e seus amigos a alertaram sobre os perigos representados pelo novo regime. No início de 1934, Stern deixou ringl+pit e, com seu irmão Walter, emigrou para Londres. Pôde levar consigo seus equipamentos fotográficos, abriu um estúdio fotográfico e publicitário e continuou seu trabalho em retratos, fotografando seus amigos da comunidade de exilados alemães.

Em 1935, Grete se casou com Horacio e, logo depois, foi com ele para a Argentina. Lá, os dois montaram a primeira exposição de artes fotográficas modernas no país. Antes de se mudarem, não havia outras agências de publicidade em Buenos Aires, o que os torna responsáveis por levar a fotografia moderna para a cidade. Tiveram 2 filhos e, em 1941, o casal se separou.

Stern se estabeleceu como uma fotógrafa aclamada na década de 1940 e, em 1948, começou a contribuir para a Idilio, uma revista feminina voltada para a classe trabalhadora. A revista continha uma coluna chamada “A Psicanálise vai ajudá-la”, em que as leitoras eram incentivadas a enviar seus sonhos, a coluna traria seu sonho analisado por especialistas e no topo da matéria estaria um trabalho fotográfico de Grete Stern. Não eram necessariamente fotografias, mas sim colagens. Essas obras foram chamadas de “Os sonhos”, pois eram a interpretação dos sonhos das pessoas.

Referências

Sandler, Clara and Juan Mandelbaum. “Grete Stern” Shalvi/Hyman Encyclopedia of Jewish Women. 31 December 1999. Jewish Women’s Archive. Disponível em: <https://jwa.org/encyclopedia/article/stern-grete>. Acesso em: 03 out. 2022.

Highlights from From Bauhaus to Buenos Aires: Grete Stern and Horacio Coppola. Aperture, 2015. Disponível em: <https://aperture.org/editorial/highlights-bauhaus-buenos-aires-grete-stern-horacio-coppola/>. Acesso em: 03 out. 2022.

Grete Stern: a ilustradora de sonhos. Obvious. Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/isso_compensa/2016/03/grete-stern-a-ilustradora-de-sonhos.html>. Acesso em: 03 out. 2022.

Christina Wieder, ”A New Woman’s Exile in Buenos Aires”. Stedelijk Studies Journal (2019).Disponível em: <https://stedelijkstudies.com/journal/a-new-womans-exile-in-buenos-aires-grete-sterns-photomontages-between-feminism-and-popular-culture/>. Acesso em: 03 out. 2022.

From Bauhaus to Buenos Aires: Grete Stern and Horacio Coppola. MoMA, 2015. Disponível em: <https://www.moma.org/calendar/exhibitions/1441>. Acesso em: 03 out. 2022.
Grete Stern: mulheres sonhadas. Pepsic, 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062009000200004>. Acesso em: 03 out. 2022.

Conteúdo produzido por estudantes Ana Carolina Ceccon, Carolina Pereira Rodrigues(@ccwral), Juliana Rezende Ribeiro, Kauane Stoco de Jesus(kakaustoco) e Leonardo Faganello para a atividade "As mulheres na história do design" realizada na disciplina Teoria e História do Design 1 (Curso de Tecnologia em Design Gráfico), no segundo semestre de 2022, sob orientação da profa. Lindsay Cresto 
Você também pode gostar