Jackie Ormes

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Zelda Mavin “Jackie” Jackson, mais conhecida como Jackie Ormes, foi a primeira quadrinista afro-americana. Ela nasceu em 1º de agosto de 1911 em Pitsburgo, na Pensilvânia e seu interesse por arte começou durante sua infância com esculturas de sabão. Jackie se formou no ensino médio nos anos 30 e foi contratada pelo jornal dominical afro-americano “Pittsburgh Courier” como editora e escritora freelancer. Mesmo sendo bem-sucedida profissionalmente, seu desejo de desenhar prevaleceu.

Quando decidiu desenhar quadrinhos, a comunidade negra era muito pouco representada na mídia, sendo que, não raras vezes, muitas das representações reforçavam estereótipos de que pessoas “de cor” serviam apenas para cenas de ação e comédia.

Mulheres compunham cerca de 21% da força de trabalho estadunidense em 1930. Neste contexto, existiam “barreiras matrimoniais”, uma vez que mulheres podiam ser demitidas caso se casassem. Porém, em 1931 Jackie se casou com Earl Ormes e sua carreira seguiu inabalada.

Em 1937, ela publicou os quadrinhos “Torchy Brown in ‘Dixie to Harlem’”, que contavam a história de uma jovem mulher que deixou seu lar, no interior do Mississipi, em busca de seus sonhos em Nova Iorque. A história fazia menção à realidade, visto que muitos afro-americanos dos estados sulistas começaram a se mudar para cidades ao norte em busca de melhores oportunidades. Com a 2ª Guerra Mundial, os cartunistas tiveram maior liberdade para criticar as políticas sociais opressivas, sem as ameaças que escritores e editores sofriam.

Seu segundo comics, “Candy” de 1945, foi publicado no jornal “Chicago Defender”. Nestes quadrinhos, Jackie protestou contra os baixos salários e condições injustas que trabalhadores domésticos afro-americanos enfrentavam nas casas de empregadores brancos. Candy era uma bela e eloquente empregada que dava “cutucadas” na hipocrisia moral de seu empregador.

Jackie questionou as desigualdades sociais de maneira menos agressiva, se diferenciando, naqueles anos, do modo como outros cartunistas atacavam problemas sociais.

“Patty-Jo ‘n’ Ginger”, sua obra mais famosa, estreou em 1947 no “Pittsburgh Courier”. As personagens eram uma menina de 5 anos, perspicaz e politicamente consciente, chamada Patty-Jo e sua irmã mais velha, Ginger. Elas usavam roupas modernas e moravam em uma casa elegante e sofisticada. Jackie articulou as personagens à cultura e à inteligência enquanto nos comics tradicionais, a população negra costumava ser representada, em grande medida, como trabalhadores de baixo status social e de atitude servil.

O trabalho de Jackie se tornou mais popular com o lançamento da boneca Patty-Jo, uma das primeiras bonecas pretas de luxo dos EUA, pois para Jackie, as crianças negras precisavam de brinquedos que melhorassem a autoestima delas.

Nos anos 50, a artrite reumatoide limitou os movimentos das mãos da cartunista, mas isso não a impediu de continuar trabalhando. Além de artista, Jackie foi uma filantropa, feminista e ativista antirracista, capitalizando sua fama para a caridade e justiça social e incentivando jovens a seguirem seus sonhos. Somente 33 anos após a sua morte, a cartunista foi imortalizada no “Will Eisner Comics Hall of Fame”.

Referências

  • https://wednesdayswomen.com/jackie-ormes-first-african-american-female-cartoonist/
  • https://www.jackieormes.com/pjcartoon.php
  • https://terraverso.com.br/hqs/jackie-ormes-o-inicio-das-mulheres-negras-nos-quadrinhos/
  • https://www.youtube.com/watch?v=PSDZfQ8E5L4&ab_channel=MakeStuff

Conteúdo produzido por Beatriz Taborda, Fernando Felinto, Luiza Lopes, Ludmilla Assato, Wendell Gutierrez (@wen_gutz) para a disciplina de História das Artes Gráficas.

Docente: Maureen Schaefer França.

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