Design & Cultura: representações sociais nos frascos de perfume do início do século XXI

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<Dicas de Leitura de Textos Acadêmicos>

Os frascos de perfume, assim como outros artefatos, possibilitam compreender parte das representações da sociedade contemporânea. Nessa perspectiva, minha pesquisa de mestrado abarcou reflexões acerca das relações entre design e cultura a partir de frascos de perfume produzidos entre 2000 e 2010. Meu objetivo foi compreender como o design de frascos de perfume molda espaços de identificação para consumidores potenciais, acionando para isso imaginários atravessados por diversos marcadores sociais tais como gênero, classe social e idade/geração. Para isso, recorri primeiramente à história de frascos de perfume do Ocidente do período contemporâneo, observando como os mesmos foram modificados a partir da ascensão da cultura do consumo, deixando de ser criados de forma genérica e passando a ser desenhados de forma mais personalizada, a fim de convocar públicos específicos. Em um segundo momento, analisei discursos relacionados a diversos perfumes e seus envoltórios a partir dos Guias de Perfume de 2009 e 2010 de modo a identificar tipologias conceituais empregadas na criação de frascos de perfumes. A partir dessa análise, percebi que os ingredientes assim como os efeitos de sentido dos perfumes costumam ser utilizados como referência no design das embalagens como também supostas ocasiões de uso, “usuários imaginados” e linhas temáticas (natureza, corpo humano, arte, misticismo, lugares e artefatos do cotidiano), sendo tais possibilidades atravessadas, sobretudo, por questões de gênero. Na sequência, a partir de tais referências conceituais, analisei 6 frascos de perfume, sendo metade deles dirigidos ao público feminino e a outra metade, aos setores masculinos, ambos direcionados às camadas adultas.

Os frascos de perfume (Flower by Kenzo; Kenzo Power; CH; CH Men; Classique X Collection; Le Male Terrible) em conexão com suas respectivas publicidades foram analisados a partir de Martine Joly e Bernard Löbach, na tentativa de evidenciar o entrelaçamento das funções estéticas, práticas e simbólicas na construção de representações sociais. As embalagens analisadas foram projetadas, sobretudo, a partir de “usuários imaginados”, moldando modelos particulares de feminilidades e de masculinidades (que ora reiteram ora questionam normativas de gênero), sendo capazes de compelir públicos específicos. Os frascos de perfume, que no século XVIII pareciam peças decorativas a serem combinadas com a mobília, ganharam novos olhares nos séculos XX e XXI, quando a conexão entre moda e perfumaria alterou a percepção e a concepção dos produtos. Junto ao vestuário, os perfumes e seus respectivos frascos passaram a delinear ideias de feminilidades e de masculinidades, padrões de comportamento, estilos de vida, imaginários sobre sexualidade não sendo, portanto, artefatos frívolos, uma vez que regulam modos de ser e estar no mundo.

Palavras-chave: design e cultura, frasco de perfume, design de embalagem.

Título da dissertação: Design & Cultura: representações sociais nos frascos de perfume do início do século XXI

Ano: 2011

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade – (PPGTE-UTFPR)

Autora: Maureen Schaefer França

Orientadora: Dra. Marilda Lopes Pinheiro Queluz

Link: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/27138

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